FOSSILIZAÇÃO E ADAPTAÇÃO:ACTIVIDADES EM PALEONTOLOGIA

BRENT H. BREITHAUPT

INTRODUÇÃO

É que os conceitos de tempo, vida passada e fósseis são frequentemente difíceis de compreender pelas crianças e como muitos dos Parques e Monumentos Nacionais possuem importantes recursos paleontológicos, o Monumento Nacional Fóssil Butte desenvolveu um guia curricular de educação fóssil destinado a ajudar os professores a apresentar estes princípios aos alunos da segunda e terceira séries. As seguintes actividades são modificadas a partir desse guia (Leite, M. B. e Breithaupt, B. H., 1994, Ensino de Paleontologia nos Parques e Monumentos Nacionais: Um guia curricular para professores do segundo e terceiro graus: Serviço Nacional de Parques, Monumento Nacional Fóssil Butte, Kemmerer, WY 103 p.). Para mais informações sobre este guia curricular distribuído através do Serviço Nacional de Parques, por favor contacte Ms. Marsha Fagnant, Fossil Butte National Monument, P.O. Box 592, Kemmerer, WY 83101.

OVERVIEW

Como é que um ser vivo se torna um fóssil? Os misteriosos processos pelos quais a evidência de vida passada é preservada são explorados nestes exercícios. Ao pensar e participar em alguns processos sedimentares simulados, as crianças serão capazes de remover muito do mistério por trás dos fósseis e da fossilização. Estes exercícios introduzem o conceito de que os fósseis são restos ou vestígios de seres vivos antigos. Eles também começarão a pensar em como é raro um evento fossilização.

Objectivo: Após completar estes exercícios os alunos serão capazes de: avaliar a importância dos fósseis para o nosso conhecimento da vida passada; identificar as condições necessárias para a fossilização; construir um cenário possível para a formação de fósseis; compreender como os organismos estão adaptados aos seus ambientes; e compreender as relações das comunidades modernas e antigas com os seus ambientes (i.e., ecologia e paleo-ecologia).

ACTIVIDADE I: FOSSILIZAÇÃO

Mensagem: Nem todas as partes dos animais se fossilizam. Pode não ser possível saber alguns detalhes de como era um animal ou planta antiga porque muitas partes da anatomia podem não se tornar fósseis.
Materiais: Desenhos de esqueletos de cavalo e estegossauro. (Figuras 1 e 2)
Discussão: A fossilização é um evento raro. As chances de um determinado indivíduo ser preservado no registro fóssil são muito pequenas. Alguns organismos, entretanto, têm melhores chances do que outros devido à composição de seus esqueletos ou onde eles viveram. Isto também se aplica às várias partes dos organismos. Por exemplo, plantas e vertebrados (animais com ossos) são compostos de diferentes partes que podem se separar após a morte. As diferentes partes podem ser transportadas por correntes para locais diferentes e ser preservadas separadamente. Um osso do dedo do pé fóssil pode ser encontrado num local e uma costela fóssil num outro local. Podemos assumir que são de animais diferentes quando, na verdade, vieram do mesmo.

Voltar ao topo

Muita informação é perdida no processo de fossilização. Pense, por exemplo, em um vertebrado (como nós). Muito do que consideramos importante na nossa própria biologia está nos tecidos moles, como a pele, o cabelo e os órgãos internos. Estas características seriam geralmente desconhecidas no estado fóssil, porque na maioria das vezes apenas ossos e dentes são preservados (há casos excepcionais em que partes moles são preservadas). Os ossos e os dentes nem sempre são preservados juntos. Este exercício foi concebido para que as crianças pensem na qualidade da informação que vem do registo fóssil.

Procedimentos:
1) Listar factos sobre um animal vivo. O esqueleto de um cavalo é usado aqui, mas há muitas outras possibilidades (por exemplo, vaca, cão, gato, ovelha). A lista de fatos sobre o cavalo pode incluir, mas não estar limitada a: tamanho grande, corredor rápido, come erva, tem dentes trituradores, tem pêlos longos para uma crina e cauda, queixinhas, é inteligente, é sociável com outros cavalos, faz um bom animal de estimação.
2) O que saberíamos se este animal estivesse extinto ? Consulte o diagrama (Figura 1) e assinale uma importante generalização da fossilização: na maioria das vezes, apenas as partes duras (ossos e dentes) são preservadas como fósseis. Consulte a lista e pergunte à classe o que saberíamos sobre o cavalo se os cavalos estivessem extintos e tudo o que tínhamos eram ossos e dentes de cavalos fossilizados. Saberíamos que era um animal grande e provavelmente poderíamos fazer alguns bons palpites sobre o seu peso. Saberíamos que tinha dentes a ranger e, portanto, provavelmente poderíamos adivinhar que comia algum tipo de vegetação dura como a erva. Os cascos não seriam preservados, mas a forma dos ossos do pé seria um bom indicador de que ele tinha cascos. O esqueleto também seria útil para nos dizer que ele era um corredor rápido. Mas nenhum detalhe do cabelo ou da pele seria conhecido. Tudo sobre comportamento social e vocalização também teria que ser palpites.
3) O que sabemos sobre animais fossilizados? Distribua o diagrama do estegossauro fóssil (Figura 2) e interprete-o à luz do que sabemos. Use a lista que você fez ao discutir os animais vivos. O que os paleontólogos sabem vem do estudo da dura anatomia, neste caso ossos e dentes. Qualquer outra coisa é um palpite, embora na maioria dos casos seja possível basear o palpite em princípios biológicos sólidos.
4) Use a sua imaginação. Como um resumo deste exercício, faça a turma colocar músculos e pele no diagrama do Estegossauro. Lembre-se, a cor e textura da pele são em grande parte a escolha dos artistas, já que ossos fósseis não ajudam, embora algumas impressões de pele tenham sido encontradas.

ACTIVIDADE I / VARIAÇÃO I: Especializações
Cavalo e estegossauro têm alguns ossos que não são compartilhados pelo outro. Isso porque cada um é especializado de alguma forma. O cavalo é adaptado para correr rápido, e por isso seus pés se especializaram para correr. Eles são mais simples que os do Estegossauro, com apenas um osso do pé em cada pé. Os cavalos também têm dentes de moagem muito especializados, enquanto os dentes do Estegossauro são estruturas simples de corte. O estegossauro, por outro lado, tem algumas especializações muito espectaculares nas suas enormes placas de armadura e espigões de cauda. Algumas especializações do Estegossauro são para a defesa porque não era um corredor rápido. Que outras diferenças entre o cavalo e você pode encontrar? Consegue pensar numa possível adaptação para estes ossos?

ACTIVIDADE I / VARIAÇÃO II: Criaturas imaginárias
Trace uma imagem de uma criatura inventada com adaptações para um modo de vida especial. Exemplos: um voador rápido que come folhas do topo das árvores; um animal que escava buracos tão rapidamente que nenhum outro animal consegue apanhá-lo. Descreva como este animal é especial e como ele realiza o que faz. Os paleontólogos poderiam descobrir sobre este modo de vida a partir do registo fóssil?
Voltar ao topo

ACTIVIDADE II: O JOGO DA FOSSILIZAÇÃO

Mensagem: Não é fácil tornar-se um fóssil. Muitas plantas e animais nunca têm a chance de serem preservados como fósseis.
Materials: Cartões de fósseis (Figura 3).
Discussão: O jogo da fossilização é um exercício de fantasia e dramatização que ajuda as crianças a entender os processos de fossilização.
Procedimentos:
1) Escolha o ambiente. O jogo começa com a classe ou grupo menor escolhendo um ambiente em que há um ambiente deposicional como um lago, lagoa, riacho, rio em uma floresta, ou fundo do mar. Os alunos podem usar sua imaginação para descrever esse cenário com o máximo de detalhes que desejarem.
2) Escolha os papéis. Os papéis que os participantes escolhem para si mesmos são possíveis habitantes animais ou vegetais do cenário escolhido. Por exemplo, nos ambientes aquáticos, os papéis possíveis incluem não só caracóis, amêijoas, peixes, salamandras, tartarugas, jacarés e outros animais aquáticos, mas também cavalos, veados, macacos, coelhos e pássaros que lá vieram para beber.
3) Comece a brincar. Quando a brincadeira começa, as crianças fazem seus papéis, com cada uma dando uma volta para fazer vocalizações ou gestos. Por exemplo, uma criança brincando de peixe pode agitar seu corpo com um movimento parecido com o de um peixe e fazer movimentos de engolir com sua boca. Uma criança brincando de cão da pradaria pode fingir cavar uma toca e fazer latidos agudos. Eles também podem interagir uns com os outros como fariam em seu ambiente natural. Por exemplo, os carnívoros poderiam perseguir os herbívoros.

4) “Congelar” e decidir o destino dos personagens. Em um momento determinado pelo professor, a ação “congela” e o tempo para uma possível fossilização começa. Os alunos desenham cartões que dizem o seu destino. Possíveis cartões podem ser: -Você é comido por necrófagos; -Você apodrece antes de ser preservado; -Você é engolido por um crocodilo; -Você é enterrado por um deslizamento de lama e preservado como um fóssil.
Você pode fazer várias cópias da página de cartas (incluída com esta atividade) para usar nisto. Se você fizer o seu próprio, a proporção de cartas de “fossilização” para cartas de “destruição” deve ser pequena, imitando a pequena chance de se fossilizar no mundo real.
5) Discuta o significado deste exercício. Quando toda a turma tiver tirado cartas, a discussão pode começar. Peça que cada aluno discuta seu papel como organismo e o que aconteceu com este organismo depois que ele morreu. Faça uma lista desses organismos no quadro-negro. Que animais se tornaram fósseis? Que foram destruídos? Lembre-se, os únicos animais e plantas sobre os quais os futuros paleontólogos saberão alguma coisa são os que se tornaram fósseis. Você vai se dar conta da importante questão do viés no registro fóssil quando comparar a lista de fósseis com a lista completa de animais vivos. A lista de fósseis é uma boa representação da comunidade viva? Porque não?
6) Se o tempo permitir, jogue o jogo novamente com os mesmos animais e plantas. Como são os resultados semelhantes ou diferentes?
Voltar ao topo

ACTIVIDADE III: ADAPTAÇÃO

Mensagem: Os organismos são adaptados a ambientes específicos.
Materiais: Materiais de arte
Discussão: Os alunos escolhem organismos específicos e desenvolvem uma história ilustrada de como esse organismo é adaptado ao seu ambiente.
Procedimentos:

1) Peça aos alunos que cada um crie uma história ilustrada do ponto de vista de uma planta ou animal (moderno ou antigo).
2) Peça-lhes que descrevam o seu ambiente em desenhos: Como é o ambiente? Que outros tipos de plantas e animais vivem com você? Quais são as suas adaptações especiais que lhe permitem sobreviver neste ambiente? O que você gosta de comer? Você é carnívoro, herbívoro ou omnívoro?
3) Depois que os alunos completarem os desenhos de seus animais ou plantas em casa, em seu próprio ambiente, peça-lhes para fazer a história do desenho novamente em um ambiente “estrangeiro”. Talvez eles possam trocar de ambiente com um colega de classe. A maioria destes organismos pode ser infeliz, para dizer o mínimo.
4) Acompanhe este exercício com perguntas, tais como: a) Quais são suas chances de sobrevivência neste ambiente “estrangeiro”? Por que você pensa assim? b) Se você não pode viver neste novo ambiente o que vai acontecer com você? Peça às crianças para discutirem as suas chances de sobrevivência. Qual é a probabilidade de um animal já ter adaptações que lhe permitam sobreviver no novo clima? Quais seriam essas adaptações?

ACTIVIDADE III / VARIAÇÃO I: Comunidades Passadas
Uma variação nesta atividade é fazer com que os alunos usem sua imaginação e o que sabem sobre comunidades e fósseis para escrever uma história interessante sobre comunidades do passado. Os alunos desta versão estão limitados a serem animais porque escreverão sobre seus alimentos favoritos. A história pode ser uma “fórmula” baseada nas descrições abaixo, ou pode ser uma forma livre.

Procedimentos:
1) Escolha o papel de um animal antigo. Este deve ser qualquer animal que os alunos estejam familiarizados com.
2) Descreva o seu ambiente. Isto requer algum conhecimento dos ecossistemas antigos como reconstruído por um paleontólogo ou interpretado por um guarda florestal ou guia de parques. Deixe os alunos serem tão criativos quanto desejarem. Alguns estudantes podem incluir detalhes imaginados do ambiente que não foram discutidos anteriormente. Isto é OK desde que eles possam justificar suas razões.
3) Descreva sua comunidade. Nesta parte, os alunos devem dar exemplos das outras plantas e animais que vivem com eles.
4) Descreva uma cadeia alimentar. Comece listando sua comida favorita. Você é um carnívoro ou herbívoro? Se você é um herbívoro, que animal tenta te caçar? Como você tem evitado ser comido até agora?
5) Descreva uma teia alimentar. Finja que a sua comida favorita desaparece. Se a sua comida favorita não está disponível, o que você come? Quantos tipos diferentes de comida se encaixam na sua dieta? Que outros tipos de alimentos os outros animais da sua cadeia alimentar gostam de comer?
6) Imagine uma grande mudança. O que você faria se toda a sua comida desaparecesse por causa dessa mudança? O que você poderia fazer? Você se mudaria? Como sobreviveriam os outros membros da sua teia alimentar? Este é um exemplo de desastre ecológico porque as cadeias alimentares e as teias alimentares seriam forçadas a desfazer-se.
Voltar ao topo

ACTIVIDADE III / VARIAÇÃO II: Discutindo a Adaptação
Salguns dos melhores exemplos de adaptação são vistos na adaptação ao clima. Usando imagens de diferentes ambientes do mundo, comece por falar de ambientes extremos. Mostre as fotos de classe do Ártico ou Antártico e discuta os tipos de adaptações que são necessárias para se viver em um clima assim. Em seguida, discuta desertos como o Saara, a floresta tropical da Bacia Amazônica, as Grandes Planícies da América do Norte, costas, pântanos salgados, córregos de montanha ou prados alpinos. Cada um desses ambientes apresenta certos desafios para os organismos que ali vivem, mas a maioria deles contém uma riqueza de plantas e animais que sobrevivem bastante bem em condições extremas. Ao discutir estes organismos em termos de suas adaptações, a classe ganhará uma apreciação pelo seu próprio ambiente.

Esta atividade pode ser mais um exercício cooperativo para os alunos, fazendo-os trazer revistas antigas de casa (National Geographic e outras publicações de história natural são especialmente úteis). Percorra as revistas em sala de aula procurando por fotos que mostrem diferentes ambientes. Tente obter uma amostra de diferentes extremos de clima e topografia.

Alterar nos ambientes é outro tópico importante a discutir. Às vezes é fácil tomar os ambientes atuais do mundo como garantidos e assumir que eles sempre foram assim. Mas nós sabemos que isso não é verdade. Os ambientes mudaram no passado e estão sempre em processo de mudança de alguma forma. A mudança ambiental é difícil de entender para os humanos porque muitas vezes ela acontece tão lentamente que a observação direta é difícil. Mesmo as rápidas mudanças que estão ocorrendo hoje em dia como resultado da atividade humana são difíceis de ver. O registro fóssil contém uma visão comprimida de muitos milhões de anos, durante os quais os ambientes mudaram exatamente como mudam hoje. A mudança no registro fóssil é, portanto, relativamente fácil de ver. Alguns tópicos que a classe pode cobrir em relação às mudanças ambientais incluem as mudanças climáticas e os resultados das rápidas mudanças climáticas. Considere cada um dos ambientes discutidos quando a turma falou sobre adaptação. O que aconteceria se esse clima de repente (no decorrer de anos a décadas) se tornasse mais quente ou mais frio? Relacionado a isso está o fornecimento de alimentos. Os herbívoros dependem da vegetação em seu ambiente. As plantas são muito sensíveis ao clima. O que acontece se o alimento favorito de um herbívoro desaparece? O que acontece então aos carnívoros que dependem desse herbívoro para o seu abastecimento alimentar? A discussão se expande para incluir toda a teia alimentar.

A relação entre as atividades humanas e a mudança/extinção ambiental é importante de se entender. Assim como a importância de manter a diversidade da vida. A classe pode discutir qual é o seu próprio interesse nesta crise e o que pode fazer para ajudar.
Voltar ao topo

>
Voltar ao topo

Voltar ao topo

Voltar ao topo
>

Deixe uma resposta

O seu endereço de email não será publicado.