Como ir à confissão

Q: Admito que não me confesso há muitos anos e já não tenho a certeza de saber como me aproveitar bem do sacramento. Poderia rever como se deve ir à confissão?

Uma pessoa deve sempre começar com um bom exame de consciência. Precisamos manter nossas vidas no padrão de vida que Deus nos revelou para vivermos. Por exemplo, tomamos tempo para refletir sobre os Dez Mandamentos, as Bem-aventuranças, os preceitos da Igreja e as virtudes da prudência, fortaleza, temperança e justiça.

O exame de consciência é como recuar e olhar o quadro da própria vida em comparação com a obra-prima da vida revelada por Deus. Lembrem-se de quando éramos crianças, costumávamos traçar imagens. O traçado ajudou-nos a aprender a desenhar. Pegávamos num pedaço de papel simples, segurávamo-lo por cima da imagem original e depois colocávamo-lo à janela. A luz nos permitia traçar a figura original na nossa folha de papel em branco. Periodicamente, tínhamos de parar e recuar para ver se o nosso papel tinha escorregado e estava fora de quilter com o original ou se tínhamos desviado das linhas.

De forma semelhante, à medida que vivemos as nossas vidas, estamos a traçá-las de acordo com o padrão de vida de Deus. Ao examinarmos nossa consciência, recuamos e avaliamos honestamente quão bem nos encaixamos no padrão de Deus e nos mantemos dentro de Seus limites. Neste momento, nós refletimos sobre o progresso que fizemos desde nossa última confissão em lidar com fraquezas, faltas, tentações e pecados passados. Esperamos ver melhorias em nosso bem-estar espiritual.

No entanto, quando saímos do limite ou do limite com a obra-prima de Deus, nós pecamos. Devemos distinguir os pecados veniais – aqueles pecados mais leves que enfraquecem nossa relação com o Senhor – dos pecados mortais – aqueles pecados que separam nossa relação com o Senhor e “matam” a presença da graça santificadora em nossas almas. Aqui recordamos as palavras de Jesus: “Todo aquele que pratica o mal odeia a luz; não se aproxima dela por temer que suas obras sejam expostas”. Mas aquele que age em verdade vem à luz, para deixar claro que suas obras são feitas em Deus” (Jo 3,20-21).

Dando este exame de consciência, temos contrição pelos nossos pecados. Enquanto nos arrependemos do pecado porque tememos o fogo do inferno e a perda do céu, e os justos castigos de Deus, lamentamos acima de tudo porque nossos pecados ofendem a Deus a quem devemos amar acima de todas as coisas. O amor por Deus nos move a arrepender-nos do pecado e buscar a reconciliação.

Todos os grandes santos examinavam regularmente a sua consciência e faziam uso frequente do Sacramento da Penitência. (Até o nosso Santo Padre, o Papa João Paulo II, confessava semanalmente os seus pecados, como fazia Madre Teresa). É preciso perguntar: “Porquê? Que pecados é que estes santos cometeram?” Eles amavam tanto o Senhor que até a mais pequena omissão ou comissão os leva à confissão. Eles não querem que nem o mais leve pecado os separe do amor de Deus. Por amor a Deus, nós também nos arrependemos de nossos pecados.

Manhã, o pecado nos move a ter uma emenda firme para não pecar novamente. Nós provavelmente pecaremos de novo, mas tentamos não fazê-lo. Não planejamos deixar o confessionário e cometer os mesmos pecados novamente.

Confessamos então os nossos pecados. Quando entramos no confessionário na maioria das igrejas, temos a opção de permanecer anônimos ou de enfrentar o sacerdote. Qualquer que seja a opção que uma pessoa escolha, lembre-se sempre que o que for dito durante a confissão é mantido em segredo pelo sacerdote.

Lembre também que confessamos ao sacerdote por três razões: Primeiro, o sacerdote tem a autoridade dos Apóstolos em virtude da sua ordenação. Na noite da ressurreição, Jesus disse: “Recebei o Espírito Santo”. Se perdoardes os pecados dos homens, ser-lhes-ão perdoados; se os mantiverdes presos, serão presos” (Jo 20,22-23). O sacerdote é o ministro do sacramento agindo na pessoa de Cristo.

Segundo, ele é um pai espiritual. Assim como vemos um médico para cura quando estamos fisicamente doentes, vemos um sacerdote quando nossas almas estão doentes e precisam de cura.

Terceiro, o sacerdote representa a Igreja e as pessoas contra as quais pecamos. Nos primeiros tempos da Igreja, as pessoas confessavam publicamente o pecado no início da Missa e eram absolvidas. Muito para nosso alívio, por séculos tivemos confissão privada.

Procedemos fazendo o sinal da Cruz e dizendo: “Abençoa-me pai, porque pequei”. Também se poderia simplesmente começar, “Em nome do Pai….”. Devemos então declarar quando fizemos a nossa última confissão: “Já passou (tanto tempo) desde a minha última confissão.”

Depois confessamos os nossos pecados. Devemos ser específicos. Às vezes as pessoas dizem: “Eu quebrei o sexto mandamento”, que cobre desde um pensamento luxurioso até estupro e adultério. Não precisamos fornecer a história completa, apenas o básico para permitir que o sacerdote ajude. Precisamos dar alguma quantificação – faltar uma vez à Missa é diferente de várias vezes, o que é diferente de todo o tempo. Quando terminamos de confessar nossos pecados, dizemos: “Sinto muito por eles e por todos os meus pecados”. Com esta informação, o padre pode aconselhar-nos. Ele também designa uma penitência para a cura da dor causada pelo pecado e o fortalecimento das nossas almas contra futuras tentações. Ele nos pede então para dizer um ato de contrição, que geralmente é a oração tradicional: “Ó meu Deus, lamento imenso por Te ter ofendido. Detesto todos os meus pecados por causa dos Teus justos castigos, mas sobretudo porque Te ofendem, meu Deus, que és todo bom e merecedor de todo o meu amor. Eu resolvo firmemente, com a ajuda da Tua graça, não pecar mais e evitar as ocasiões próximas de pecado. Amém.”

Finalmente, o sacerdote concede a absolvição. Ponderai as belas palavras: “Deus Pai de misericórdia, através da morte e ressurreição do Seu Filho, reconciliou o mundo consigo e enviou o Espírito Santo entre nós para o perdão dos pecados; através do ministério da Igreja que Deus vos dê perdão e paz, e eu vos absolva dos vossos pecados, em nome do Pai, e do Filho, e do Espírito Santo.” Esta fórmula enfatiza nosso misericordioso Pai Celestial, o mistério salvífico da paixão, morte e ressurreição de nosso Senhor, e o ministério de cura do Espírito Santo através da Igreja.

O sacerdote então nos demite, dizendo: “Dai graças ao Senhor, porque Ele é bom”, ao qual respondemos: “Sua misericórdia dura para sempre”. (Muitos sacerdotes podem simplesmente dizer: “Que Deus os abençoe”). Deixamos então o confessionário para fazer a penitência designada.

O sacramento da penitência é um belo sacramento pelo qual nos reconciliamos com Deus, nós mesmos e o próximo. Lembre-se das palavras de São Paulo: “Deus é rico em misericórdia; por causa de seu grande amor por nós, Ele nos trouxe à vida com Cristo quando estávamos mortos em pecado” (Ef 2,4).

Nota do editor: Este artigo apareceu originalmente no Arlington Catholic Herald e é reimpresso aqui com gentil permissão.

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