Não é por acaso que há incêndios em todo o Brasil, e não é por acaso que os incêndios deste ano são piores do que os últimos. Na verdade, os incêndios de 2020 são os piores da última década.
O mundo olha horrorizado pelo segundo ano consecutivo, enquanto incêndios históricos assolam a maior floresta tropical do mundo. Enquanto isso, ao invés de combater os incêndios, o governo brasileiro apóia as chamas incentivando aqueles que estão ateando os incêndios a expandir seu agronegócio.
Pior ainda, a Amazônia não é o único bioma no Brasil que está em chamas. O Cerrado já registrou mais de 38 mil focos de incêndio este ano, e o Pantanal, um bioma rico em biodiversidade, lar do maior número de onças pintadas, já teve 23% de sua área destruída.
No ano passado, mais de 1 milhão de hectares de floresta foram queimados na Amazônia, e a destruição não vai parar a menos que tomemos medidas.
O presidente brasileiro Jair Bolsonaro pode estar disposto a sacrificar ecossistemas vitais no Brasil para obter lucro, mas o verdadeiro custo da perda da floresta é incalculável. Quanto mais incêndios houver, mais longe estamos de vencer as atuais crises de clima, saúde e biodiversidade, e maior é o risco para os povos indígenas e a sabedoria tradicional que protege a floresta.
As queimadas no Brasil não são naturais. Os gananciosos e imprudentes são os incendiários. Mas quais são as razões por trás de toda essa destruição?
A carne no nosso prato
A agricultura industrial é o maior motor do desmatamento – a prática de derrubar florestas para dar lugar à agricultura ou ao pastoreio – no mundo. No Brasil, pecuaristas e pecuaristas pegam fogo na Amazônia para limpar ilegalmente terras e expandir seus negócios destrutivos. Estima-se que a pecuária tenha causado diretamente 80% do desmatamento na Amazônia brasileira.
Terra no Brasil não está sendo destruída apenas para dar lugar à criação de gado. Embora o desmatamento para a produção de soja seja proibido na Amazônia brasileira, o Cerrado tornou-se um gigantesco campo de cultivo de soja, expandindo-se para um bioma rico em biodiversidade e ameaçando e deslocando comunidades tradicionais que vivem na região há gerações. A produção de soja também está diretamente relacionada com a carne que o mundo está comendo. 90% de toda a soja produzida no mundo é destinada a alimentar o gado. Estamos cultivando alimentos para alimentar o gado.
Guardianos da floresta sob ameaça
A destruição da Amazônia, do Cerrado e do Pantanal não acontece apenas em terras públicas. Os Povos Indígenas lutam há gerações para proteger seus territórios e a floresta, mas suas terras são constantemente invadidas por ladrões de terra, madeireiros e garimpeiros. Essas invasões são uma violação dos direitos constitucionais dos Povos Indígenas e uma ameaça às suas vidas. O governo brasileiro deveria estar protegendo os direitos indígenas, mas ao invés disso, possibilita a destruição e enfraquece os órgãos federais cujo objetivo é monitorar e proteger as terras dos Povos Indígenas.
A pandemia da COVID-19 acrescentou outra ameaça à vida dos Povos Indígenas. Com uma taxa de mortalidade três vezes maior que a do restante da população brasileira, os Povos Indígenas enfrentam uma ameaça ainda maior, com os mineiros e outros invasores arriscando-se a trazer a pandemia para seus territórios. Até 2 de outubro, mais de 34 mil Povos Indígenas já foram diagnosticados com a COVID-19, e 837 pessoas morreram no Brasil. As terras indígenas são uma das formas mais eficazes de proteger as florestas. Como os invasores confiscam suas terras e as populações são colocadas em risco, o mundo corre o risco de perder o conhecimento de como cuidar da Amazônia da melhor forma possível.
Um governo de mentiras
Embora os biomas vitais e insubstituíveis do Brasil ardam e os Povos Indígenas tenham que enfrentar uma pandemia que está espalhada por todo o país, o governo brasileiro nega ambas as crises. Na verdade, o presidente Bolsonaro prefere culpar e atacar ONGs, Povos Indígenas e qualquer um que o enfrente pelos incêndios que assolam a floresta e opta por criar medidas sem sentido para combater a devastação da Amazônia, como o envio do exército para a floresta e o anúncio de um decreto para proibir os incêndios durante 120 dias. Ao invés disso, o governo brasileiro deveria ter mantido a capacidade dos órgãos federais que o país já tinha, para que as leis ambientais pudessem ser devidamente aplicadas, bem como investir em monitoramento e fiscalização.
Enquanto isso, a floresta – e o destino do mundo – continua em chamas. Em setembro, o Brasil superou o triste recorde de incêndios de 2019, o mais alto dos últimos 10 anos. Esta é uma consequência de um governo que, desde o primeiro dia, vem derrubando leis ambientais e possibilitando a destruição dos setores do agronegócio e da mineração.
Por que a Amazônia e outros ecossistemas-matéria
A destruição da Amazônia não é apenas uma ameaça à biodiversidade e aos Povos Indígenas. A Amazônia é a maior floresta tropical do mundo e é vital para a estabilização do clima no continente. A Amazônia é responsável por gerar e trazer chuva para outras partes da América do Sul, como o sudeste do Brasil, onde grandes cidades como São Paulo e Rio de Janeiro estão localizadas. Sem a Amazônia, secas severas poderiam devastar a região, impactando a vida da região mais povoada do país.
A Amazônia também é crucial para a luta contra a crise climática global. Ela armazena uma grande quantidade de dióxido de carbono que é liberado na atmosfera quando a floresta é queimada. Quanto mais carbono na atmosfera significa um clima mais quente e seco, o que torna a terra mais propensa a queimadas. É um ciclo vicioso que não podemos permitir que continue.
Mas se todos conhecemos as ameaças que a destruição da Amazônia representa para o mundo inteiro, por que continuamos a ver mais e mais incêndios a cada ano? Não podemos permitir que empresas globais, apoiadas pelos governos, continuem arriscando nosso futuro por dinheiro em seus bolsos. De inundações e secas mais mortíferas a furacões e incêndios florestais, já estamos vendo os impactos da crise climática. Todos precisamos agir juntos para proteger o planeta.
Junte-se ao movimento para agir pela Amazônia.